A cigana Suyany Breschak, que de acordo com informações repassada pela polícia ajudou a foragida Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, a arquitetar o assassinato do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, revelou, em depoimento, como tomou conhecimento do crime.
De acordo com Suyany Breschak, Júlia ligou e disse que o empresário estava já sem os sinais vitais e precisou usar lençóis e cobertores para enrolar o corpo do companheiro, e ainda ligou ventiladores para reduzir o cheiro que se alastrava pelo apartamento.
Ainda de acordo com a cigana, um dia após o crime, a namorado de Luiz Marcelo ligou um ventilador na direção do sofá onde o corpo estava pois “estava fedendo demais”. Júlia chegou a lavar o apartamento com água sanitária, pois até urubu estava começando a ser atraído pelo mau cheiro.
O empresário foi encontrado morto no interior do apartamento dele no Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no dia 20 de maio.
A cigana, que trabalha como mentora espiritual da foragida, contou que realizava trabalhos de limpeza para que parentes e os namorados não descobrissem que ela era garota de programa. Ainda segundo a cigana, ao longo dos anos Júlia teria feito uma dívida de R$600 mil.
Conforme com o esclarecimento, Júlia teria assumido que colocou 50 comprimidos de um remédio para dor moídos em um brigadeirão e dado para o empresário comer. Ela também comeu o doce, porém em um outro prato que estava sem a substância.
Suyany disse ainda que o casal se conhecia havia cerca de 10 anos e que Luiz já tinha o conhecimento que a jovem era garota de programa, pois foi dessa maneira que a conheceu nas redes sociais.
Ela disse que Júlia teria ligado e explicado como o empresário morreu: “Luís Marcelo começou a respirar de maneira ofegante, fez um barulho alto e, do nada, parou”, disse Suyany.
Vizinhos sentiram cheiro forte
O corpo do empresário foi encontrado no último dia 20 de maio, uma segunda-feira. As vizinhanças desconfiaram porque sentiram um cheiro forte e chamaram a polícia.
A namorada conviveu com o corpo durante todo o fim de semana. De acordo com a polícia, para roubar a vítima.
No último sábado (18), a namorado do empresário aparece sozinha, no elevador. Ela dirige ate à garagem e durante cinco minutos coloca itens no porta-malas do carro de Luiz Marcelo. Logo depois, sai com o carro do companheiro.
No domingo (19), às 10h40, ela vai até a academia do prédio para fazer exercício. Na segunda (20), ao meio-dia, ela surge com dois celulares. Cerca de uma hora depois, está na portaria, com uma mala e duas bolsas. Às 13h20, ela vai embora, porém só depois de esperar o cartão da conta conjunta que abriu com Luiz chegar no prédio.
O laudo indica que o corpo do empresário estava em avançado estado de decomposição e que o óbito ocorreu entre três e seis dias antes de ser encontrado. A necropsia não revelou a causa da morte.
O perito localizou pequena quantidade de líquido achocolatado no sistema digestivo. De acordo com a investigação, Luiz Marcelo comeu um brigadeirão envenenado que, certamente, estava no prato que ele segurava no elevador.
A polícia encontrou um analgésico forte na cena do crime e apurou que Júlia, 9 dias antes da última imagem de Luiz Marcelo vivo, foi até uma farmácia e pediu medicamento de uso controlado.
Júlia chegou a prestar depoimento. De acordo com a polícia, ela foi fria e calculista disse também que Luiz serviu o café da manhã dela na segunda de manhã, o que é improvável de acordo com a necropsia.
“É um caso aberrante porque evidencia extrema frieza. Ela teria permanecido no interior do apartamento da vítima, com o cadáver, por cerca de 3, 4 dias. Lá ela teria dormido ao lado do cadáver, se alimentado, ela teria inclusive descido para a academia, se exercitado, retornado para o apartamento onde o cadáver se encontrava”, diz o delegado Marcos Buss, da 25ª DP (Engenho Novo).