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STF lava as mãos sobre IOF e deixa decisão nas mãos de Moraes: entenda o que está em jogo

STF evita decisão colegiada sobre decreto do IOF, e Alexandre de Moraes assume responsabilidade individual pela validade da medida. Saiba o impacto no mercado.


Com ausência de acordo entre Planalto e Congresso, relator decidirá sozinho sobre validade do decreto que elevou o imposto

A tentativa de acordo promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre o governo Lula (PT) e o Congresso Nacional sobre o polêmico decreto que aumenta o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) terminou sem consenso. Agora, a responsabilidade final pela medida está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação.

“Diante da falta de conciliação, caberá a mim definir o que será mantido e o que será anulado”, sinalizou Moraes ao final da audiência.


O que está em disputa?

A ação gira em torno de um decreto presidencial que alterou as alíquotas do IOF, impactando diretamente operações financeiras como:

  • Créditos corporativos
  • Investimentos
  • Operações de antecipação de recebíveis, especialmente o chamado “risco sacado”

Esse último ponto — que envolve antecipações feitas por instituições financeiras a fornecedores, com pagamento futuro por parte das empresas compradoras — é o principal foco de pressão do setor privado e da estratégia jurídica do Planalto.


Tentativa de conciliação fracassa

A audiência desta terça-feira (15) foi conduzida por Alexandre de Moraes, que buscou construir uma saída consensual. Ele chegou a perguntar diretamente se as partes estariam dispostas a ceder parcialmente em nome de um entendimento institucional. Mas não houve avanço.

  • O governo federal sustentou a validade total do decreto.
  • O Senado pediu mais tempo para negociar internamente.
  • A Câmara dos Deputados e o Executivo preferiram uma definição imediata do STF.

Resultado: nenhum acordo, nenhuma concessão — e o tema foi empurrado de volta ao gabinete de Moraes.


Qual a estratégia do governo?

O Planalto quer preservar a maior parte do decreto, mas está disposto a abrir mão do IOF sobre risco sacado, considerado o ponto mais frágil jurídica e politicamente. A ideia é garantir a continuidade da arrecadação gerada pelas demais operações tributadas.

“O governo busca evitar que a judicialização afete a base de arrecadação aprovada por decreto, mas reconhece o desgaste do IOF no risco sacado”, analisa uma fonte próxima à equipe econômica.


O que Moraes pode decidir?

O ministro tem pelo menos três caminhos possíveis:

  1. Manter o decreto na íntegra
  2. Anular parcialmente, excluindo o risco sacado
  3. Considerar todo o decreto inconstitucional e exigir nova tramitação legislativa

Qualquer que seja a decisão, ela terá impacto direto sobre o ambiente de negócios e o setor financeiro, que já alertam para efeitos negativos na antecipação de crédito empresarial.