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Netflix cita cobrança bilionária no Brasil como causa de queda no lucro

A Netflix apontou o Fisco brasileiro como o principal responsável pela redução de sua margem operacional no terceiro trimestre de 2025. Em relatório enviado aos acionistas nesta terça-feira (21), a gigante do streaming afirmou que uma despesa inesperada de US$ 619 milhões, ligada a autuações fiscais no Brasil, impactou diretamente seus resultados.

Apesar de registrar um crescimento de 17% na receita, a margem operacional caiu para 28%, abaixo da meta inicial de 31,5%. Segundo o comunicado, as cobranças não estão relacionadas ao Imposto de Renda, mas a outras obrigações tributárias em disputa com as autoridades fiscais brasileiras.

“A margem operacional de 28% ficou abaixo da nossa orientação de 31,5% devido a uma despesa relacionada a uma disputa em andamento com as autoridades fiscais brasileiras, que não estava em nossa previsão”, informou a empresa.

Lucro cresce, mas impacto fiscal pesa

Mesmo com o revés, a Netflix registrou lucro líquido de US$ 2,5 bilhões entre julho e setembro, um aumento de 7,7% em relação ao mesmo período de 2024. A empresa explicou que as cobranças do Fisco são retroativas a 2022 e que 20% do valor foi lançado como despesa de 2025, enquanto o restante se refere a anos anteriores.

Sem esse custo extraordinário, a companhia afirma que teria superado suas metas de rentabilidade. O relatório estima que a cobrança reduziu mais de 5 pontos percentuais da margem operacional global.

Revisões e pressão tributária

Devido ao impacto fiscal, o lucro por ação diluído ficou em US$ 5,87, cerca de US$ 1 abaixo da previsão inicial. Ainda assim, a Netflix manteve sua projeção de receita anual em US$ 45,1 bilhões, com crescimento entre 16% e 17% em câmbio neutro.

No entanto, a empresa revisou para baixo a margem operacional projetada para 2025, agora em 29%, um ponto percentual a menos do que o estimado anteriormente — ajuste atribuído integralmente à disputa com o Fisco brasileiro.

O episódio reacende o debate sobre a alta carga tributária e a insegurança jurídica enfrentada por grandes empresas que operam no Brasil, fatores que seguem sendo apontados como entraves à competitividade e aos investimentos estrangeiros.