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Moraes toma decisão inédita contra Eduardo Bolsonaro mesmo com ele fora do país

Moraes manda processar Eduardo Bolsonaro sem notificação pessoal

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (29) a continuidade da denúncia contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), mesmo sem a necessidade de intimação presencial.

A decisão

Segundo Moraes, Eduardo teria criado obstáculos para receber a notificação formal da Justiça brasileira, já que está nos Estados Unidos. Para o ministro, o parlamentar tem pleno conhecimento da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de coação.

Diante disso, Moraes autorizou a notificação via edital — publicada em veículo oficial — e deu prazo de 15 dias para Eduardo apresentar defesa.

Envolvimento de Paulo Figueiredo

No mesmo processo, o jornalista Paulo Figueiredo também foi denunciado pela PGR. Como ele vive fora do país há mais de dez anos, Moraes determinou que a notificação seja feita por carta rogatória, mecanismo tradicional de cooperação internacional.

Além disso, Moraes desmembrou a ação, permitindo que a denúncia contra Eduardo seja analisada de forma mais rápida pelo STF.

O que dizem os juristas

Especialistas classificaram a decisão como atípica e possivelmente ilegal. O Código de Processo Civil, aplicado de forma subsidiária em processos penais, prevê que citações no exterior devem ser feitas via carta rogatória. A citação por edital só caberia se o país estrangeiro se recusasse a cooperar ou se o paradeiro do réu fosse desconhecido — situações que não se aplicam a Eduardo Bolsonaro.

Segundo juristas, acelerar o processo sem respeitar a forma legal de citação pode significar uma grave violação processual, levantando comparações com práticas de regimes autoritários, onde garantias jurídicas são relativizadas para fins políticos.